Essa situação fica mais nítida nos seguros de automóveis, onde um mesmo modelo, exatamente do mesmo ano, pode ter dois preços distintos. Faz diferença o uso do veículo. Quem é o motorista principal, onde ele é utilizado e como é guardado. Essas variáveis influenciam o preço do seguro, repetindo a situação acima com enorme freqüência.
Mas, além desses fatores, existe toda uma série de variáveis que também afetam o preço de um seguro, fazendo com que uma apólice custe mais cara do que outra, ainda que calculada para o mesmo bem.
Em primeiro lugar, é indispensável conhecer a política comercial da seguradora. Se ela tem ou não interesse naquele tipo de seguro, e, mais do que isso, se ela está fazendo alguma campanha para aumentar o número de itens segurados de um determinado modelo, que, pela sua especialização, possa não só fazer crescer seu faturamento, mas, acima de tudo, melhorar o seu resultado industrial.
Quando isso acontece, e acontece com enorme regularidade, levando pelo menos uma das dez maiores seguradoras do País a ter sempre preço mais baixo do que pelo menos outras seis, a explicação para a diferença de preço acaba aí.
Só que existem mais fatores que influenciam o preço do seguro e não variam muito de seguradora para seguradora. É por isso, inclusive, que a Susep (Superintendência de Seguros Privados) desenvolveu uma tarifa referencial, a qual as companhias de seguros, por uma questão de segurança para os segurados, são obrigadas a utilizar para constituição de suas reservas técnicas.
Além da política comercial da seguradora, o corretor também pode alterar o preço de um seguro, na medida em que pode, em dois contratos semelhantes, trabalhar com comissões diferentes que alteram o preço de cada uma das apólices.
Já no campo dos custos diretos do negócio de seguro, a mão-de-obra para reparos de determinado automóvel pode ser mais cara que a de outro. Ou as peças para substituição desse modelo podem custar mais caro que as daquele. São fatores importantes que, juntos, mudam bastante os preços do seguro.
Um modelo ser mais roubado que outro interfere diretamente e de forma muito pesada no cálculo do prêmio de seguro de um veículo. Esse tópico, aliás, nos últimos tempos, vem ganhando um peso enorme na quantificação de quanto o segurado vai pagar pelo seu seguro de automóvel. Levando-se em conta que na cidade de São Paulo se rouba um carro a cada dois minutos e pouco, não há como os modelos mais visados terem seguros baratos. E esse quadro pode tomar dimensões muito sérias, porque o custo do seguro de determinados modelos pode passar da metade do valor do bem, ou, o que é mais grave ainda, o veículo pode simplesmente não encontrar cobertura no mercado, com todas as seguradoras recusando o risco, o que, fatalmente, será um freio para a sua comercialização, ainda que sendo um produto de ótima qualidade, e por isso mesmo alvo da ação dos ladrões.
Em números, no ano 2000, as seguradoras faturaram mais ou menos R$ 7,5 bilhões com o seguro de automóveis. Por outro lado, elas pagaram algo próximo de 75% disso a título de sinistros, ou seja, R$ 5 bilhões. Como, na média, os custos administrativos e comerciais somam algo próximo de 35%, foram poucas as seguradoras que ganharam dinheiro, na operação direta, comercializando seguro de automóveis no ano passado.
Em função disso, no começo deste ano, a maioria promoveu reajuste de preços e procurou sanear suas carteiras, corrigindo o custo de cada seguro e parando de aceitar os modelos mais roubados. Por isso, o seguro, dependendo do carro, está tão caro.